segunda-feira, 27 de abril de 2015

Prince of Thorns. Você esta preparado para ler?

Pág. livro Prince of ThornsEu devo dizer que não estava!

Poderia esperar muita coisas, até pelas curtas sinopses que li, não gosto de ler aqueles tipos de resenhas que contam a história do livro inteiro, por isso nem procurei, mas fui extremamente surpreendida e ficava cada vez mais surpresa com o que o autor apresentava no decorrer do livro.

Sangue, sangue e mais sangue escorrem desse livro!
Não há perdão, compaixão ou empatia, apenas o ódio, a vingança e o desejo, o grande desejo pelo poder!

Lançado pela editora DarkSide em 2013, esse é o primeiro livro da chamada Trilogia dos Espinhos, composto pelos livros: Prince, King e Emperor of Thorns. Esta é uma história classificada como Ficção/Fantasia, pela ficha catalográfica, e somos apresentados a um mundo bem diferente da nossa realidade atual, como diz o resumo ao final do livro, é um cenário abandonado pelos enigmáticos Construtores. Uma nova era medieval.

Agora, não espere que esta seja uma história medieval como as outras.
Primeiro: Atenção!!! este livro é para maiores de 18 por conter cenas fortes de violência! muita violência!
Segundo: O personagem principal é filho do Rei de Ancrath, Príncipe Jorg, contudo ele não é querido pelo Rei, e nem pelos demais membros da corte. Quando criança, Jorg, sua mãe (A Rainha) e irmão mais novo foram atacados na estrada por capangas de um conde de outras terras. Durante o ataque à carruagem real, Jorg acabou caindo em um pequeno barranco a beira da estrada, e ficou preso entre espinhos de uma roseira brava, enquanto isso assistiu impotente as cenas de tortura e abusos a Rainha e a cruel morte de ambos, após algum tempo, imprecisamente, vieram os soldados de Ancrat a procura da Rainha e dos herdeiros quando se depararam com o resultado do massacre a comitiva real e conseguiram encontrar Jorg sangrando muito e preso nos espinhos das roseiras bravas próximo a estrada. Enquanto via os soldados retirando os corpos de sua família, e ouvia-os procurar por ele, Jorg também ouviu nas conversas quem foi o responsável pelo ataque.
E é a partir daí que o príncipe muda e se transforma em uma pessoa rancorosa e sedenta por vingança e por morte!

"Como líder você tem certas responsabilidades. Como a  responsabilidade de não matar muitos dos seus homens. Caso contrário, em quem você vai mandar" Pág. 19.

Terceiro: a trajetória que o livro toma é bem diferente, embora seja uma pessoa que aprendeu a ler e tem consigo ensinamentos de muitos dos filósofos mais conhecidos de nossa história, na busca por vingança pelas mortes de sua mãe e irmão, Jorg foge do castelo e passa a viver nas estradas liderando uma irmandade de assassinos.

"[...] Covardes são os melhores torturadores. Covardes entendem o medo e sabem como usá-lo. Já os heróis são péssimos torturadores. não enxergam o que motiva um homem comum. Eles interpretam tudo errado. Não conseguem pensar em nada pior do que denegrir a sua honra. [...] Não sou um herói nem um covarde, mas eu trabalho com o que tenho." Pág. 79.

Prince of Thorns LivroEste é um livro bem interessante e impactante, tem uma apresentação bastante elegante, capa dura e estilo de paginação bem bonitos, mas deve-se tomar cuidado com ele, apesar de trazer uma experiência tátil-visual bem impressionante, suas páginas são muito sensíveis e podem manchar e amarelar com muita facilidade (ele é tipo aquelas edições de luxo) ;). 

A narração é muito boa, mesmo sendo um livro com 355 páginas, sua leitura é bem rápida pela forma com que o autor consegue descrever as cenas. É necessário destacar a ótima capacidade de Mark Lawrence de escrever cenas de lutas, este é um dos melhores livros que já li nesse quesito, todas as cenas de ação (o livro todo praticamente) é bem arquitetada e descrita com uma agilidade impar.

Tive dificuldades nesse livro, não com relação a história, mas com as tramas que o autor coloca durante o percurso que o personagem principal faz, ele acaba tendo de passar por muitas situações e o autor mistura muitas coisas e muitos conceitos que eu particularmente não consegui aceitar uma pequena parte deles (acho que foram 2 momentos). Mas isso não faz deste livro um livro ruim.

Por Leonardo: Existe uma coisa nesse livro do qual gosto muito que é o ritmo dado ao enredo da história. O autor consegue fazer as conexões de forma simples e fluida em que os desfechos são entregues nos momentos certos, criando clímax muitas vezes perfeito. Outro ponto muito positivo é a personalidade perturbada de Jorg Ancrath, protagonista que nos insere boa parte da história em seus conflitos e dilemas pessoais, muitas vezes, durante a jornada do jovem Ancrath, temos um duelo não só da vingança sobre a humanização do personagem, mas também do bem e do mal, o lado meio mistico do livro, que podemos observar a medida que o personagem se afunda na escuridão psicológica e física.

De certa forma Jorg sabe exatamente para onde seus passos o levam, o caminho para sua vingança e nesse ponto o personagem se joga vertiginosamente. Provavelmente muita gente vai identificar a reflexão do abismo do filosofo Friedrich Nietzsche, que diz: “Aquele que luta com monstros deve acautelar-se para não tornar-se também um monstro. Quando se olha muito tempo para um abismo, o abismo olha para você.” Porque basicamente é a transformação pela qual passa o protagonista, entretanto ao contrário de outros personagens, que não se atentam para sua mudança de caráter, como é o caso do Governador de The Walking Dead, Jorg Ancrath tem percepção daquilo que está se tornando.

Por tudo considero o protagonista da trilogia dos espinhos como um dos melhores anti-heróis já criados e se você gosta de personagens que chutam o balde da moralidade e do comportamento correto, então você está  na praia certa. Vale a pena ler galera.

"[...] Seja qual for o mostro que deve haver em mim, sempre fui eu, minha escolha, minha responsabilidade, minha maldade, se você preferir.
É o que eu sou. Se você quer desculpas, venha buscá-las." - Jorg Ancrath

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Texto escrito e editado por: Carol Moraes.
Revisão e complementos: Leonardo Bastos.

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